Um belo dia a menina cansada de tudo, cansada dos jogos, cansada de mentir pra si mesma foi cumprir sua rotina semanal: se embriagar em algum bar e mentir pra Deus e o mundo que não quer mais vê-lo.
E como parte fundamental dessa rotina ele estava lá, não no seu dia mais bonito, mas como sempre o mais bonito do dia, para ela. Pra variar ele não destinou toda a atenção que ela deseja, foi apenas educado, a cumprimentando e fazendo seu comportamento mudar apenas pela proximidade que ele estava.
A rotina se seguia como sempre, ela cuidando da maioria dos movimentos dele e ao mesmo tempo tentando com todas as forças praticar o desapego a essa história quase sem enredo. Beijando outra boca, bebendo como se toda cerveja do lugar fosse acabar.
Tentando ser vista.
E tentando fazer com que ninguém percebesse isso.
Mas ao tocar a música tema da primeira conversa ela mentalmente deixou de se enganar e assumiu: é ele sim! o cara do momento. é ele sim! o único que eu gostaria de estar agora, hoje, essa noite.
E embebida nessa sensação e em álcool ela seguiu. O perseguia com os olhos e às vezes com os pés.
Até que novamente decidiu ouvir aquela voz que todo mundo tem na cabeça, que sempre repete: "Não se iluda!", "Você está sendo fraca, está se apaixonando" e resolveu ir embora do lugar. Chamou os amigos, pagou sua conta e já estava se encaminhando à saída. Até que ela mandou tudo a merda e resolveu seguir seus instintos, mais uma vez. Como já havia feito tantas vezes e prometido não fazer mais tantas vezes ela falou tudo que estava com vontade de dizer naquela hora pro cara do momento. Como sempre ele não a contrariou, pediu que esperasse uma vez mais, disse que ia ligar uma vez mais, e no fundo ela acreditou uma vez mais. Apesar de comentar com sua turma que ele iria enganá-la de novo como sempre, ela acreditava que dessa vez poderia ser diferente, dessa vez a noite poderia terminar como ela gostaria que dezenas de noites terminassem desde o dia do início desse romance de um amante só.
E pra sua surpresa, imensa felicidade, e pro balanço frenético das borboletas em seu estômago ele ligou, ele foi onde ela estava, eles se comportaram como ela sempre sonhou. Conversaram, riram, descobriram coisas em comum. Ela entrelaçou os braços nos seus e não queria mais soltar como se assim com esse simples gesto ela pudesse o ter pelo o tempo que ela precisasse.
E ela só concretizou o que sempre imaginou.
Ele é seu melhor tudo, o melhor beijo, o melhor toque, a melhor presença, a melhor química existida até hoje!
Pena que provavelmente isso não é recíproco, que ela tenha passado o dia seguinte com um sorriso de orelha a orelha e com o pensamento reprisando as cenas acontecidas repetidamente e para ele tenha sido só mais uma, mais um fim de um caso qualquer, uma distração de uma noite.
Mas isso já é uma outra história.